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Um paradoxo (44º)

A igreja tem uma tendência de uniformização de pensamento. As pessoas precisam se adequar rápido à linguagem, forma de se vestir, falar, agir. Vão se forma-tando ou sendo forma-tados. Tudo muito invasivo e às vezes ameaçador. Digo tendência porque existem alguns lugares, algumas igrejas que estão em um movimento contrário a isso. Se Jesus levantasse uma bandeira de uniformização de pensamento Ele teria se associado e vindo somente para a classe religiosa da época. O interessante da história é que Ele fez exatamente o contrário. Os fariseus foram constantemente confrontados pelo Mestre e a classe marginalizada, periférica ao movimento religioso era percebida por Jesus. Ele conversava, comia, curava, ensinava o grupo social tido como imundo, descartável, inútil. Jesus amou a diversidade. Porque os nossos templos estão tão distantes disso? Porque nós como Igreja estamos tão fechados à diversidade?

Todas essas questões vieram à tona nesses dias que se passaram. Foi a minha primeira semana de aula e logo no primeiro dia fiquei exultante em conviver numa comunidade tão plural e diversa que é a universidade. Pessoas de todos os tipos. Não há produção em série. Um ambiente livre para que cada um possa ser da forma que é. Sei que só podemos saber quem somos se houver uma intervenção do próprio Deus. E isso é o paradoxo de qualquer estrutura construída numa plataforma de liberdade, mas com ausência de re-conhecer Deus como único Senhor. Uma liberdade que na verdade gera várias prisões. Na universidade é bem nítido algumas dessas grades. O orgulho acadêmico é nefasto, o ar de superioridade por estudar numa federal é quase unânime, a máxima “tudo que é sólido se desmancha no ar” é o lema de quase toda comunidade acadêmica. Não há valores nem referenciais. Tudo depende. Tudo é relativo. E assim se estabelece a busca pela liberdade com um fim em si mesma gerando escravidão da mesma forma que a busca objetiva da felicidade gera desilusão. Dois ambientes. A igreja e a universidade. Dois lugares distintos como a água e o óleo, mas com um paradoxo comum: A liberdade que aprisiona.

Vigílias para quê-m?

Pessoas se encontrando não porque são obrigadas ou estão escaladas. Não porque precisam mostrar que estão lá. Simplesmente são impelidas a estarem. Um desejo e uma fome inexplicáveis começam a crescer dentro delas. Vontade que dá e fica. Uma semente brotando. Um novo mundo se abrindo. Disponíveis. Desconfortáveis. Insacíaveis. Pessoas de todos os tipos, idade, cor, tamanho, sexo, classe social. Pessoas que tem um ponto comum: “algo está errado, peciso de mais…” Esfomeados, obcecados, enlouquecidos pelo único que é digno de receber toda honra, glória e majestade ontem, hoje e eternamente. Pessoas comuns!

O livro negligenciado (10º)

Estou lendo tão pouco a bíblia. Ontem numa conversa corriqueira com o Beto pude perceber que o meu conhecimento bíblico é fraquíssimo. Sempre tive vontade de ser uma devoradora deste livro e já  conversei com Deus muitas vezes sobre esse assunto. No entanto, não saio dessa letargia e nessa brincadeira já foram quase dez anos. Ele já me deu algumas direções que, se praticadas por mim, teriam feito uma revolução na minha vida. Lembro que em 2004, quando estava fissurada com a idéia de abrir um negócio próprio, Ele me disse que a eureka viria de Sua palavra. Não tive força de vontade para perseguir isso. Nos últimos meses do ano passado Ele me conduziu a não ler nada mais a não ser a bíblia. Mais uma vez não consegui. Li até um pouco mais, mas não gastava todo o tempo que disprendia com outras leituras para as escrituras. Gostaria muito que essa fase passasse de uma vez. Que essa prática ou falta de prática, enfim, acabasse. O que sei é que naquele livro estão os tesouros escondidos, as idéias fantásticas, a vida que brota. Teoricamente, eu vibro só de pensar que tenho acesso a uma coisa dessa. Na prática, engatinho entre um livro sagrado e outro. O que tenho percebido neste ano é que o pouco que leio ganha vida. Alguns insights. O último que achei muito legal foi sobre a passagem em que os seis filhos de Ceva vão espulsar o demônio em nome do Jesus de Paulo. O pai desses homens era um grande religioso. Sacerdote destacado naquela sociedade. Os meninos vendo que havia uma manifestação do poder de Deus por meio de Paulo, e, sabendo que isso é muito popular, lançaram-se na empreitada. O que eles não previam era o resultado catastrófico. Foram envergonhados, humilhados. Sairam fisicamente machucados e não tem como dimensionar todas as feridas da alma que ganharam nesse incidente. A sacada disso tudo é muito simples. Filhos criados por pais religiosos não conseguem vivenciar tudo aquilo que foi conquistado nas regiões celestiais por Jesus. Pais espirituais que não foram libertos da religiosidade fazem um desserviço para a próxima geração. Alimentam um sistema que está muito distante da simplicidade do evangelho e do poder manifestado de Deus. Quantos Cevas não conhecemos?? Se em algum momento da nossa história fomos filhos de Ceva precisamos de libertação. Carecemos de uma intervenção do verdadeiro Pai. Se não buscarmos isso o nosso destino será reproduzir filhos espirituais que são bem familiarizados com a religião, mas nunca foram conhecidos de Deus. Pai, arranca de nós todo resquício de Ceva. Faz-nos livres…